Cristina Kirchner enfrenta novo julgamento por corrupção no caso “Cuadernos”

A ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, volta a enfrentar a Justiça a partir desta quinta-feira (6) em um novo julgamento por corrupção, relacionado ao chamado caso “Cuadernos” — um suposto esquema de propinas que teria funcionado durante os governos kirchneristas.
O processo será realizado por videoconferência, já que Cristina cumpre prisão domiciliar, após ter uma sentença de seis anos confirmada em outro caso de corrupção, conhecido como “Vialidad”, que investigou irregularidades em contratos de obras rodoviárias.
O caso “Cuadernos” teve início com a descoberta de oito cadernetas mantidas por Oscar Centeno, ex-motorista de um funcionário do Ministério do Planejamento, com anotações detalhando supostos pagamentos de propinas de empresários a integrantes do governo. Segundo Centeno, Cristina Kirchner estaria entre os beneficiários do esquema.
As anotações foram reveladas em agosto de 2018 pelo jornalista Diego Cabot e indicam o transporte de malas com dinheiro entre empresas e residências de funcionários públicos. A investigação, conduzida pelo ex-juiz Claudio Bonadio e pelo promotor Carlos Stornelli, se originou de outro processo sobre a compra irregular de gás natural.
O julgamento ocorre no Tribunal Federal nº 7, que também analisará as acusações contra outros 86 réus, incluindo ex-funcionários e empresários. Estão previstas 626 testemunhas, e a expectativa é que o processo não seja concluído ainda em 2025.
Entre os réus estão o ex-ministro de Obras Públicas Julio De Vido e o ex-funcionário Roberto Baratta, além de 65 empresários, como Gerardo Ferreyra (Electroingeniería), Oscar Thomas (Binacional Yacyretá) e Miguel Aznar (Vialco SA – Decavial Saiac – UTE).
As acusações incluem formação de associação ilícita e suborno, com penas que variam de 1 a 10 anos de prisão. Ex-funcionários são acusados de suborno passivo, enquanto empresários respondem por suborno ativo. Caso seja condenada, Cristina somará a nova pena à já existente.
Durante a investigação, 21 réus firmaram acordos de colaboração, incluindo o próprio Centeno. Tentativas de encerramento do processo mediante compensações financeiras foram rejeitadas pelo Ministério Público.
A defesa de Cristina Kirchner alega “lawfare” — perseguição política por meio do sistema judicial — e sustenta que as provas apresentadas violam garantias constitucionais.
O novo julgamento ocorre em meio a um período de fragilidade política para o peronismo, após a derrota nas eleições legislativas de outubro e o fortalecimento do governo de Javier Milei, encerrando o ciclo iniciado por Alberto Fernández e pela própria Cristina Kirchner.




