COP30 começa oficialmente em Belém e coloca o Brasil no centro das discussões climáticas globais

A capital paraense se transforma, a partir desta segunda-feira (10), no epicentro do debate climático mundial com a abertura oficial da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Até o dia 21 de novembro, Belém sediará o maior evento ambiental do planeta, reunindo representantes de 194 países, organizações multilaterais, entidades e mais de 50 mil participantes.
Dez anos após o Acordo de Paris, firmado em 2015, a COP30 chega em um momento crucial para o futuro climático global. As metas para conter o aquecimento do planeta em até 1,5°C seguem distantes, e o desafio agora é transformar promessas em ações concretas. O cenário, no entanto, é marcado por contrastes: enquanto o Brasil busca reafirmar sua liderança ambiental, o mundo observa a ausência de grandes potências, como os Estados Unidos, o que pode dificultar avanços em acordos de consenso.
Durante a cerimônia de abertura, conduzida pelo secretário-executivo de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Sitell, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o protagonismo brasileiro e defendeu o compromisso do país com o Acordo de Paris. “Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris. Isso significa não apenas implementar o que já foi acordado, mas também adotar medidas adicionais capazes de preencher a lacuna entre a retórica e a realidade”, afirmou Lula.
O evento ocorre em meio a recentes tragédias climáticas — como o tornado no Paraná e as enchentes no Sul — e coloca o Brasil diante de uma contradição: ao mesmo tempo em que lidera o discurso de transição energética, enfrenta críticas pela autorização da exploração de petróleo na Margem Equatorial.
Para o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, é hora de elevar a ambição global. Em sua mensagem aos líderes, ele destacou que “a transição climática se torna uma tendência irreversível” e defendeu que os países intensifiquem os compromissos para reduzir as emissões. Ainda assim, o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alerta que o mundo caminha para um aumento entre 2,3ºC e 2,5ºC até o fim do século — mesmo que as metas atuais sejam cumpridas.
Entre as principais apostas brasileiras está o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado pelo governo federal com meta de arrecadar US$ 10 bilhões até 2026. O fundo, que já conta com cerca de US$ 5,5 bilhões garantidos, busca remunerar a preservação de florestas em pé e fomentar o desenvolvimento sustentável nos países tropicais.
A estrutura da COP30 foi dividida em duas grandes áreas: a Zona Azul, dedicada às negociações oficiais e pavilhões nacionais, e a Zona Verde, aberta ao público, com espaço para inovação, sustentabilidade, educação ambiental e participação da sociedade civil.
Com expectativa de receber 50 mil visitantes, Belém assume um papel histórico: ser o palco onde o mundo busca alinhar compromissos, reforçar responsabilidades e — principalmente — demonstrar que ainda há tempo para agir em favor do planeta.




