Mundo
Brasil e aliados deixam EUA fora de fórum sobre democracia em Nova York

Em meio ao aumento das tensões diplomáticas com Washington, o Brasil e seus parceiros decidiram excluir os Estados Unidos da segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”. O encontro ocorrerá na próxima quarta-feira (24), em Nova York, paralelo à Assembleia Geral da ONU.
A articulação é liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em parceria com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai). A expectativa é reunir representantes de aproximadamente 30 países em torno de uma agenda comum em defesa das instituições democráticas e contra a desinformação, o discurso de ódio e as desigualdades sociais.
Na edição anterior do fórum, realizada em 2024, os Estados Unidos — então sob a gestão do democrata Joe Biden — chegaram a enviar representantes do Departamento de Estado. Desta vez, no entanto, o governo brasileiro considerou que a participação da administração republicana de Donald Trump seria uma contradição, especialmente diante de medidas recentes vistas como ataques à democracia brasileira.
Desde julho, a relação bilateral vem se deteriorando. O governo Trump aumentou tarifas sobre produtos brasileiros, suspendeu vistos de autoridades e aplicou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) com base na Lei Magnitsky. Na última semana, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, sinalizou a adoção de novas sanções após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Para o Planalto e aliados, a presença dos EUA no fórum soaria incoerente em um momento em que Washington questiona o sistema eleitoral e lança críticas às instituições brasileiras.
O presidente Lula embarcou neste domingo (21) para Nova York e abrirá os discursos da Assembleia Geral da ONU na terça-feira (23). O fórum pela democracia está marcado para a manhã de quarta-feira (24) e promete reforçar uma frente internacional contra o avanço do extremismo político.