A Rainha do Cangaço que se tornou lenda do Nordeste

Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita (1911–1938), conquistou um lugar singular na história do Brasil ao se tornar a primeira mulher a integrar um bando de cangaceiros. Companheira de Lampião, ela transformou o sertão nordestino em palco de sua coragem e audácia, tornando-se um ícone popular que atravessa gerações.
Nascida na Fazenda Malhada da Caiçara, na Bahia, Maria Bonita cresceu em uma família humilde e desde cedo enfrentou os desafios da vida no sertão. Aos 15 anos, foi obrigada a se casar com José Miguel da Silva, um casamento marcado por brigas e infelicidade. A jovem optou por romper com a vida tradicional, e essa decisão mudaria seu destino para sempre.
Em 1929, após deixar o casamento, Maria Bonita conheceu Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, líder de um grupo de cangaceiros que atravessava o Nordeste. Fascinada pelo espírito de liberdade e resistência do cangaceiro, ela abandonou a vida na fazenda e passou a integrar o bando, enfrentando um universo até então dominado por homens. Ao lado de Lampião, participou de ações que marcaram a história do sertão, conquistando respeito e notoriedade. Logo passou a ser chamada de “Rainha do Cangaço”, transformando-se em símbolo de resistência e coragem.
Apesar da violência que cercava a vida no cangaço, Maria Bonita conquistou o imaginário popular. Seu nome e sua história se difundiram em cordéis, músicas e peças teatrais, consolidando-a como uma figura lendária. A trajetória da cangaceira chegou ao fim em 28 de julho de 1938, quando ela e Lampião foram mortos em uma emboscada na Grota do Angico, em Sergipe. A morte do casal marcou o fim da era do cangaço, mas não apagou o legado de Maria Bonita, que segue como símbolo de força, independência e resistência feminina no imaginário do Nordeste.