Voz da Mulher

O poder do voto feminino: 93 anos de conquistas e novos desafios

Neste 3 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Instituição do Direito de Voto da Mulher, uma data que marca a luta e a conquista histórica das brasileiras por reconhecimento político e cidadania plena. O marco faz referência ao projeto de lei que propôs o direito ao voto feminino em 1930 — uma iniciativa que, apesar de não ter sido votada na época devido ao fechamento do Parlamento, abriu caminho para a promulgação do Código Eleitoral de 1932, que finalmente garantiu às mulheres o direito de votar e serem votadas. A conquista foi reafirmada dois anos depois, na Constituição de 1934, consolidando a presença feminina na vida pública nacional.

Mais do que uma mudança nas regras eleitorais, o voto feminino representou um marco civilizatório e democrático, ao incluir as mulheres nos processos de decisão e ampliar as bases da representação social no país.

Uma conquista forjada em décadas de luta

A trajetória do voto feminino foi construída sobre a determinação de mulheres que se recusaram a aceitar a exclusão política imposta pela Constituição de 1891. Ainda no final do século XIX, nomes como Leolinda Daltro e Bertha Lutz lideraram o movimento sufragista, enfrentando resistência e preconceito. Essas pioneiras transformaram o direito ao voto em símbolo de liberdade e igualdade, abrindo caminhos para gerações futuras.

O Brasil, inclusive, foi um dos primeiros países do mundo a reconhecer esse direito — antes mesmo de potências como França e Itália, que o fizeram apenas na década de 1940.

Um legado que inspira novas lutas

Hoje, as mulheres representam a maioria do eleitorado brasileiro, com mais de 81 milhões de eleitoras, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Elas correspondem a 52,47% dos votos e são maioria em quase 62% dos municípios do país. Números que mostram a força feminina nas urnas e seu papel essencial na construção de um Brasil mais justo e representativo.

Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer. Apesar de serem maioria entre os eleitores, as mulheres continuam sub-representadas nos espaços de poder — tanto na política quanto em posições de liderança no trabalho e na educação. Avanços recentes, como a Emenda Constitucional nº 117/2022, que destina 30% dos recursos e do tempo de propaganda partidária às candidaturas femininas, apontam para uma transformação necessária e contínua.

Educação e representação caminham juntas

O direito ao voto é também o direito à voz. Assim como o movimento feminista conquistou o sufrágio, as mulheres da educação — professoras, técnicas, gestoras e trabalhadoras — continuam lutando por representatividade nas decisões políticas, sindicais e institucionais.

A equidade de gênero na educação privada ainda enfrenta desafios, como diferenças salariais, baixa representatividade em cargos de liderança e falta de políticas específicas de valorização profissional. Garantir igualdade significa fortalecer o protagonismo das mulheres e assegurar que suas vozes sejam ouvidas nas decisões que moldam o futuro do ensino.

Um compromisso com o futuro

Celebrar o voto feminino é reconhecer a força de uma conquista coletiva e reafirmar o compromisso com a democracia. É lembrar que os direitos não são dádivas, mas o resultado da organização, coragem e persistência de gerações de mulheres que decidiram lutar.

Hoje, 93 anos depois, o desafio é fazer valer esse direito em toda sua dimensão — nas urnas, nas escolas, nos sindicatos e em todos os espaços de poder.
A luta continua.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo