CPMI do INSS ouve diretora jurídica de sindicato ligado a irmão de Lula
Comissão investiga movimentações financeiras de mais de R$ 1,2 bilhão envolvendo o Sindnapi; vice-presidente é Frei Chico, irmão do presidente Lula

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS (CPMI-INSS) ouviu, nesta segunda-feira (20), a advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti, diretora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A oitiva faz parte da investigação sobre o que parlamentares classificam como um “megaproblema financeiro” envolvendo a entidade sindical.
De acordo com dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o sindicato movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão desde janeiro de 2019, incluindo aproximadamente R$ 6,5 milhões em espécie. A comissão apura suspeitas de irregularidades em contratos e convênios firmados com empresas privadas e com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Um dos pontos de destaque da investigação é a presença de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — na vice-presidência da entidade. Apesar de pedidos de convocação para que ele prestasse esclarecimentos, a CPMI rejeitou a proposta por 19 votos a 11.
Entre os contratos sob análise, está o firmado com a Gestora Eficiente Ltda., empresa ligada à família da própria Tonia Galleti, que teria recebido R$ 2,7 milhões para processar fichas de aposentados. A advogada, no entanto, afirmou durante a sessão que “atua apenas na área jurídica” e evitou responder sobre detalhes administrativos e financeiros.
Outro ponto de atenção da CPMI são os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) celebrados entre o Sindnapi e o INSS, que permitiram o desconto direto de mensalidades em folha de pagamento de aposentados. Segundo o relator da comissão, os valores arrecadados com esses descontos cresceram de R$ 20 milhões para mais de R$ 150 milhões anuais em apenas um contrato.
Os parlamentares também aprovaram requerimentos para que o Coaf envie os relatórios de inteligência financeira referentes aos investigados. O objetivo é identificar possíveis indícios de lavagem de dinheiro, desvio de recursos e enriquecimento ilícito.
O Sindnapi nega as irregularidades e afirma colaborar com as autoridades. Já a CPMI deve continuar as oitivas nas próximas semanas, analisando documentos, contratos e movimentações bancárias para entender a dimensão do esquema.
O caso reacende o debate sobre a transparência na gestão de entidades representativas de aposentados e sobre a necessidade de maior fiscalização nos convênios firmados com o poder público.




